Cerimônia de abertura do IV Enfasud
A abertura do 4º Encontro de Fundações de Apoio do Sudeste (Enfasud), realizado pela Fundep em parceria com o Confies, contou com a presença da reitora da UFMG, Sandra Goulart, do presidente da Fundep, Jaime Ramírez, e do presidente do Confies, Antônio Queiroz, que ressaltaram a importância das fundações para a pesquisa, a inovação e o desenvolvimento nacional, além de celebrarem os 50 anos da Fundep e o reconhecimento do Confies pela CGU com o Selo de Apoiador Institucional do Pacto Brasil.
Cerimônia de abertura do IV Enfasud
Na foto, Sandra Goulart, reitora da UFMG; Jaime Ramírez, presidente da Fundep e Antônio Queiroz, presidente do Confies.
Perspectivas e desafios para fundações de apoio
Na primeira mesa do Enfasud, mediada por Jaime Ramírez, representantes de fundações de apoio de diferentes regiões do país debateram desafios e perspectivas do setor. Lucilene Sousa, diretora executiva da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (FundaHC/UFG), destacou a falta de compreensão sobre as despesas operacionais e administrativas (DOA) e apontou a Proposta de Lei 6184/2023 como avanço para maior transparência. Antônio Queiroz, presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex/Ufba), defendeu a atualização da Lei nº 8.958/1994 e o fortalecimento do diálogo institucional, enquanto Glaydston Ribeiro, diretor executivo da Fundação Coppetec (UFRJ), ressaltou a necessidade de consolidar a cultura de compliance diante de exigências divergentes. O debate evidenciou a urgência de modernizar o marco legal e aprimorar a gestão das fundações.
Perspectivas e desafios para fundações de apoio
Na foto, Jaime Ramírez, presidente da Fundep; Lucilene Souza, diretora executiva da FundaHC; Antônio Queiroz, presidente da Fapex e Glaydston Ribeiro, diretor executivo da Coppetec.
Atendimento de excelência ao coordenador de projetos
A mesa temática sobre “atendimento de excelência ao coordenador de projetos”, mediada pela diretora da Fundep, professora Elizabeth Ribeiro, ressaltou a relevância da relação entre pesquisadores e fundações de apoio, que deve aliar eficiência, empatia e conformidade legal. Os professores André Massensini (UFMG) e Paulo Kurka (Unicamp) defenderam maior previsibilidade, personalização e parceria estratégica no atendimento, diante das barreiras burocráticas e de prazos muitas vezes rígidos. Já o gerente de projetos da Fundep, Thiago Mariano, apresentou iniciativas para aprimorar esse relacionamento, como a atuação de analistas especializados e a otimização dos fluxos internos. A professora Elizabeth, por sua vez, reforçou que a credibilidade é um elemento indispensável para que a eficiência seja efetivamente reconhecida.
Atendimento de excelência ao coordenador de projetos
Na foto, Elizabeth Ribeiro, diretora da Fundep; Thiago Mariano, gerente de projetos da Fundep; Paulo Kurka, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp e André Massensini, professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.
Integridade em foco: o que os financiadores esperam das fundações de apoio
A mesa sobre integridade, compliance e gestão de riscos reuniu o mediador James Mota, gerente de compliance da Fundep; Daniel Lança, diretor de compliance da Gasmig; Marcus Alvarenga, superintendente de conformidade da Finep e Cristiano Coimbra, auditor de finanças e controle da CGU. Os especialistas discutiram expectativas de financiadores em projetos de fundações de apoio e destacaram que integridade vai além do combate à corrupção, exigindo mudança cultural baseada em confiança, ética e transparência. Foram abordados o Pacto Brasil pela Integridade, o uso de tecnologia para relatórios mais ágeis e a importância de substituir a cultura corretiva por uma cultura de integridade institucional.
Integridade em foco: o que os financiadores esperam das fundações de apoio
Na foto, Daniel Lança, diretor de compliance da Gasmig; James Mota, gerente de compliance da Fundep; Marcus Alvarenga, superintendente de conformidade da Finep e Cristiano Coimbra, auditor de finanças e controle da CGU.
Lei nº 14.831/2024 e a certificação em saúde mental: desafios e caminhos para as fundações de apoio
O segundo dia do 4º Enfasud começou com a mesa sobre saúde mental, mediada por Débora Diniz Rocha, gerente de gestão de pessoas da Fundep, e com participação da professora Kely Paiva, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. O debate abordou a Lei nº 14.831/2024, que institui a certificação em saúde mental no trabalho, enfatizando a necessidade de construir uma cultura de cuidado organizacional, evitar medidas superficiais (“carewashing”) e adotar práticas proativas de bem-estar psicológico. Kely destacou que as organizações têm papel central no cuidado com seus colaboradores, promovendo escuta ativa, prevenção de adoecimentos físicos e mentais, e implementação de estruturas de governança compatíveis com a nova legislação.
Lei nº 14.831/2024 e a certificação em saúde mental: desafios e caminhos para as fundações de apoio
Na foto, Débora Dini Rocha, gerente de gestão de pessoas da Fundep, e a professora Kely Paiva, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.
Desafios operacionais e gerenciais de importação por fundações de apoio
A mesa sobre cota de importação reuniu Valeska Medeiros, coordenadora de credenciamento à importação e incentivo fiscal do CNPq, e Guilherme Matos, gerente de importação da Fundep, para discutir o uso estratégico desse instrumento na pesquisa científica e tecnológica. Valeska explicou que a cota permite a importação de equipamentos, materiais e insumos com isenção de tributos, válida por cinco anos, dispensando exames de similaridade e controles prévios, e é controlada pelo CNPq. Guilherme destacou que, mais do que um trâmite burocrático, a cota é essencial para o planejamento e avanço da ciência no país, e que as fundações de apoio têm papel central na gestão e execução desse processo para atender às demandas de pesquisadores e instituições.
Mudanças regulatórias em C&T: estratégias para fundações de apoio
No segundo dia do 4º Enfasud, a mesa “Mudanças Regulatórias em C&T: Estratégias para Fundações de Apoio”, mediada por Bruno Teatini (Fundep), reuniu José Marinho Paulo Junior (Promotor de Justiça/RJ) e Juliana Crepalde (UFMG) para discutir os impactos das mudanças regulatórias em Ciência, Tecnologia e Inovação sobre as fundações de apoio. Teatini enfatizou a necessidade de estratégias institucionais sólidas; José Marinho abordou os desafios jurídicos históricos das fundações; e Juliana apresentou como a Lei de Inovação (nº 10.973/2004) ampliou o papel das fundações, exemplificando casos práticos como o Nanoscópio, a Red Bull Air Race e a parceria com a Kunimi, mostrando a importância da integração entre universidade, fundação e setor privado para transformar conhecimento acadêmico em soluções aplicadas.
Gestão documental nas fundações de apoio: transparência, sustentabilidade e desafios na preservação da informação
A mesa Gestão documental nas fundações de apoio: transparência, sustentabilidade e desafios na preservação da informação, mediada por Monique Ferraz, supervisora de arquivo da Fiotec, reuniu Mariana Batista, coordenadora do curso de Arquivologia da UFMG; Liane Carolina Chaves, supervisora de documentação da Funcamp e Flávia Andrade, coordenadora de gestão de documentos da Fundep, para debater a gestão documental como ferramenta estratégica. Mariana destacou que não se trata apenas de armazenar documentos, mas de garantir autenticidade, integridade, acessibilidade e destinação correta das informações. Flávia apresentou a transformação da Fundep, que implementou equipes especializadas, políticas integradas e uso de inteligência artificial, enquanto Liane reforçou a importância da gestão documental para transparência, sustentabilidade e continuidade administrativa, mostrando que documentos são ativos estratégicos das instituições.
Gestão estratégica e integrada de comunicação
A mesa “Gestão estratégica e integrada de comunicação”, mediada por Tacyana Arce, assessora de comunicação da Fundep, reuniu Jorge Duarte, presidente da ABCPública e analista de comunicação da Embrapa, para discutir o papel estratégico da comunicação nas fundações de apoio. Tacyana destacou a relevância de levar a comunicação além do círculo interno das instituições, reforçando seu valor como ferramenta de integração e planejamento estratégico. Duarte enfatizou que a comunicação não deve ser apenas instrumental, mas integrada e orientada por estratégia, capaz de engajar, mobilizar e informar, superando barreiras históricas e culturais, com diagnóstico inicial e foco em impacto real.
Gestão de projetos com especificidades: aprendizados a partir da cultura
A mesa “Gestão de projetos com especificidades: aprendizados a partir da cultura”, mediada por Luciana Papatella, gerente de projetos da Fundep, reuniu Fernando Antônio Mencarelli, pró-reitor de Cultura da UFMG); Sibelle Costa, diretora do Espaço do Conhecimento UFMG e Pedro Amaral, presidente da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade. Mencarelli destacou o peso da economia criativa — responsável por 3,11% do PIB brasileiro e com crescimento de 78% entre 2012 e 2020 — e defendeu a institucionalização da cultura nas universidades, citando o novo acordo entre MEC e MinC para fortalecer equipamentos culturais e planos de cultura. Sibelle apontou como desafios a instabilidade financeira, a necessidade de múltiplas fontes de recursos e a ampliação da captação externa, ressaltando ainda a importância de equipes capacitadas e alinhadas para garantir bons resultados. Pedro Amaral chamou atenção para a exigência de adequar projetos culturais a legislações diversas, conciliando a burocracia dos financiamentos públicos com a flexibilidade que caracteriza o setor.
Pilares da transformação digital: inspirações para fundações de apoio
A mesa “Pilares da transformação digital” foi conduzida pelo consultor em transformação digital e professor Carlos Bomfim, com mediação de Walmir Caminhas, diretor da Fundep. Bomfim destacou que transformação digital vai além da simples digitalização: exige estratégia, engajamento das pessoas e clareza de objetivos. Para ele, a tecnologia é apenas combustível — o verdadeiro motor está no conhecimento humano. Ele ressaltou ainda a importância de mapear stakeholders, usar dados de forma inteligente e aplicar metodologias como o ciclo PDCA para gerar valor nas instituições.
Fundações de apoio, ciência e democracia: desafios éticos e estratégias para o progresso social
O Enfasud encerrou-se com a palestra do ex-ministro da Educação e presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, seguida de debate com a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, e o presidente da Fundep, Jaime Arturo Ramírez.
Janine defendeu uma ética ativa na ciência, voltada à ação e ao compromisso social. Destacou que o maior avanço da humanidade não é a energia atômica, mas o aumento da expectativa de vida promovido por políticas de saúde e bem-estar. Também criticou ataques à ministra Marina Silva e celebrou a mobilização que levou ao recuo do MEC no contingenciamento de verbas para universidades federais.
A reitora Sandra reforçou a urgência de uma política nacional de financiamento para a educação federal. Já Jaime Ramírez alertou para os riscos do negacionismo científico, lembrando a crise respiratória em Minas Gerais como reflexo da baixa adesão vacinal.
Encerrando, Janine reafirmou o papel vital das universidades públicas e defendeu que a transformação do Brasil passa por políticas que priorizem educação, ciência e dignidade humana.