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CTE: celeiro de medalhas com DNA UFMG

Com apoio Fundep, centro busca ser polo de excelência, unindo ciência, tecnologia e formação de pessoas para o esporte de alto rendimento.

Ney Felipe

O Parque Aquático do Centro de Treinamento Esportivo (CTE), construído por parceria da UFMG com o governo de Minas Gerais, foi um dos projetos contemplados pela 18ª Premiação de Arquitetura IAB-MG 2016, promovida pela seção mineira do Instituto dos Arquitetos do Brasil. Foto: Ney Felipe/Fundep.

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Em terreno do campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um complexo esportivo se ergue como símbolo de excelência, inovação e conquista: o Centro de Treinamento Esportivo (CTE/UFMG). Muito além de uma pista de atletismo e piscina com medidas olímpicas, ali pulsa uma história marcada por desafios, parcerias e recompensada com medalhas e vitórias das muitas mãos envolvidas neste projeto, entre elas, as de analistas e gestores Fundep.

O empreendimento nasceu de uma parceria entre a UFMG e o Governo de Minas Gerais, por meio da então Secretaria de Estado de Esporte e da Juventude (SEEJ), e idealizado para ser mais que um espaço de treino: um ambiente de alto rendimento, capaz de atender atletas de diferentes modalidades e de abrigar delegações internacionais. Não à toa, foi escolhido como centro oficial de treinamentos pela delegação da Grã-Bretanha, durante os Jogos Olímpicos Rio 2016.

Coube à Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) um papel decisivo para a concretização desse projeto: a gestão global da obra — das finanças ao planejamento de pessoal, das compras de material de construção às importações de modernos equipamentos para piscina. Foram R$ 53 milhões geridos com precisão, trabalho que envolveu múltiplas áreas da Fundep e exigiu soluções inovadoras.

“Geralmente as pessoas associam uma piscina olímpica à uma construção em andar térreno. Mas, no CTE, a piscina foi construída no terceiro andar de um prédio”, lembra Luciana Papatella, à época gerente de Projetos Especiais da Fundep e hoje gerente do Centro Integrado de Atendimento a Projetos, núcleo Fapemig (CIA Fapemig), exemplificando a complexidade do desafio. “E além disso, correndo contra o tempo para receber a delegação da Grã-Bretanha”, acrescenta.

O resultado: um parque aquático entre os mais modernos da América do Sul, com piscina olímpica de 65m x 22,5m equipada com boulkhead — sistema de borda móvel usado de forma pioneira na América Latina — permitindo reconfiguração para diferentes modalidades e treinos simultâneos. O complexo conta, ainda, com banheiras térmicas, saunas e uma pista de atletismo Classe 1, certificação máxima concedida pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF).

Sandra Almeida, George Hilton, Jaime Ramírez, Thomas Nemes, Carlos Henrique Alves da Silva, Luiz Cláudio Costa e Sérgio Teixeira em cerimônia que marcou a inauguração do CTE/UFMG. Foto: Divulgação/UFMG.

CTE nas Olimpíadas Rio 2016

Para o CTE, as Olimpíadas Rio 2016 foram mais que um grande evento esportivo: foram um divisor de águas. A delegação britânica de esportes aquáticos, uma das mais respeitadas do mundo, fez do espaço sua base de treinamentos antes das competições. “A escolha de Belo Horizonte evidenciou o nível de excelência do CTE/UFMG”, explica o professor Maicon Rodrigues Albuquerque, diretor do centro de treinamento.

A experiência fortaleceu a reputação internacional do complexo e mostrou ao mundo que Minas Gerais também sabe fazer esporte de alto nível. Durante o período, não só a infraestrutura chamou a atenção, mas também a capacidade de receber atletas de elite com organização, ciência e hospitalidade.

Nos anos seguintes, o CTE/UFMG se consolidou como celeiro de novos campeões. Nas Paraolimpíadas de Paris 2024, o desempenho dos atletas brasileiros foi muito festejado. No total, foram 25 medalhas de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, totalizando 89 medalhas, números que fizeram o Brasil chegar ao 5º lugar nos Jogos Paralímpicos – marca inédita para o País.

Entre os atletas que fizeram história em Paris estavam Carolina Moura, Arthur Xavier e Izabela Campos, atletas do CTE. Arthur Xavier, atleta paralímpico de natação, iniciou-se no esporte no centro. “O CTE é muito importante para mim. Além da natação, faço academia e tenho outros setores à disposição que me ajudam a chegar ao alto nível de competição”, conta o nadador, que já tem os olhos voltados para Los Angeles 2028.

Ana Carolina Moura conquistou a tão sonhada medalha de ouro no taekwondo (até 65Kg). Ela superou a francesa Djelika Diallo por 13 a 7 em luta realizada no dia 30 de agosto, no Grand Palais, em Paris. A atleta fez sua preparação no CTE  e, com essa vitória, foi a primeira brasileira a conquistar o ouro na modalidade.

Arthur Xavier e Ana Carolina Moura foram recebidos pela reitora da UFMG, professora Sandra Regina Goulart Almeida, e pelo vice-reitor, professor Alessandro Fernandes Moreira. Foto: Vitória Brunini/UFMG.

O futuro do esporte paralímpico passa pelo CTE

O projeto de esporte paralímpico do CTE/UFMG combina ciência, inclusão e alto rendimento. Cerca de 40 atletas treinam diariamente acompanhados por equipe multidisciplinar, enquanto outros 70 jovens atletas em formação competem em nível regional. “Nossa expectativa é ter de três a quatro representantes nos próximos Jogos Paralímpicos de Los Angeles”, projeta a professora Andressa Mello, coordenadora do Projeto Esporte Paralímpico. “Trabalhamos com ajustes finos, monitoramento constante e estrutura que permite o desenvolvimento integral do atleta”.

O diretor do CTE/UFMG, enxerga o futuro como uma nova oportunidade de transformar o esporte mineiro e nacional. “O CTE deve seguir sendo polo de excelência, unindo espaço de qualidade, ciência, tecnologia e formação de pessoas para o esporte de alto rendimento”, afirma Maicon Albuquerque. Para isso, destaca a necessidade de um modelo de gestão que assegure sustentabilidade, previsibilidade e integração entre universidade, poder público e sociedade civil.

Com investimentos contínuos e parcerias institucionais fortes, o centro tem potencial para ampliar sua atuação, formar mais campeões e seguir como exemplo de inovação e impacto social. “Queremos ser mais do que um espaço de treinamento: queremos ser referência mundial em inclusão, ciência e resultados esportivos”, resume.

Após obras de atualizações, a pista passa a ter emborrachado azul. Deixando o CTE/UFMG ainda mais preparado para os atletas que usam o espaço. Foto: Fundep/Divulgação

Gestão do Projeto Oásis é uma das atuações da Fundep no CTE

A parceria entre a Fundep e o CTE/UFMG continua ativa por meio da gestão de outros projetos, como é o caso do Projeto Oásis, que nasceu em 2017, como proposta do Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) e financiado por meio da Chamada de Projeto Prioritário de Eficiência Energética e Estratégico ANEEL, sob coordenação do professor Braz de Jesus Cardoso Filho.

Com objetivo de alcançar a autossuficiência energética, as microturbinas de cogeração de energia elétrica foram instaladas em junho deste ano e devem garantir o aquecimento da piscina do CTE ao mesmo tempo em que geram eletricidade para suprir as necessidades das outras instalações do centro.

Além da gestão administrativo-financeira do projeto, a Fundep também faz a fiscalização das obras com sua equipe própria de Engenharia. Segundo o engenheiro Fernando Girodo Brito, além de reduzir custos, o sistema de turbinas torna o fornecimento de energia mais estável para os treinos.

As turbinas do CTE se somam às usinas fotovoltaicas dos Centros de Atividades Didáticas de Ciências Biológicas e Ciências Exatas (CAD 1 e CAD 3), ampliando a diversidade da minirrede de energia da Universidade. O Projeto Oásis também inclui outras ações, como a troca de lâmpadas no campus por opções mais sustentáveis e campanhas de conscientização.

Como parte da modernização do CTE/UFMG, uma usina a gás foi instalada abaixo da piscina. As instalações fazem parte do projeto Oásis e tem objetivo de alcançar a autossuficiência energética. Foto: Ney Felipe.

Edição: Tacyana Arce
Edição web: Marcelo Cardoso